18 de junho de 2010

A Felicidade das Borboletas

 Olá! Meu nome é Marcela. Tenho 9 anos e hoje é um dia muito, muito, muito especial para mim! Sabe, eu estudo balé e daqui a pouco vou me apresentar pela primeira vez. Minha mãe disse que estou linda! Minha fantasia é de borboleta e a música que eu vou dançar faz a gente sentir como se estivesse voando!
Eu sei que a platéia está cheia, pois posso ouvir muitas pessoas se movimentando, conversando. São nossos pais e amigos que vieram assistir à nossa apresentação. Eu nunca tinha estado em um lugar com tanta gente antes! E, imagine só, todos vão me ver dançar!
Há um ano, quando pedi a minha mãe que me levasse até uma academia de dança, todo mundo achou estranho. Mas a música é tão maravilhosa e me faz sentir tão bem, que logo ela concordou. 
Minha professora é muito especial. Ela me apresentou às outras crianças, explicou como poderiam me ajudar a ser uma bailarina e hoje elas são minhas melhores amigas... 
No mês passado, quando eu perguntei o que era uma borboleta, minhas amigas trouxeram muitas para mim. Colocaram as borboletas nas minhas mãos, fizeram com que eu sentisse suas asas delicadas e depois me ajudaram a soltá-las... E eu sei que elas voaram para bem longe, felizes e livres. 
Eu sei disso porque há coisas muito especiais, que só se vêem com o coração; por exemplo, a felicidade das borboletas... e crianças especiais, como eu, que vêem tudo com o coração. 
E agora chegou nossa vez. Eu e minhas amigas.  Vamos entrar no palco e dançar a dança das borboletas, só queria que todas as pessoas que estão na platéia pudessem sentir o que eu sinto: a felicidade das borboletas, que, mesmo sem as poder ver com os olhos, posso enxergar a felicidade, no coração de cada uma de nós, um sentimento tão especial que é capaz de nos fazer voar, livres como borboletas.  para mim, a mesma que elas dançaram, quando nós dançarmos,
Marcela nasceu cega. Nunca viu o pôr-do-sol ou as cores de um jardim florido... Mas conhece o sorriso de seus pais e o abraço de seus amigos, pois Marcela é muito querida e amada. Como toda criança, Marcela gosta de brincadeiras, de boneca, de bicicleta, de parquinho, de música, de piscina e muito mais. E, também como toda e qualquer criança, precisou de ajuda para ganhar confiança, para aprender coisas novas. Graças a todo esse amor, a cada dia que passa, desenvolve novas habilidades. E Marcela tem muitas, como a de enxergar a felicidade com o coração!

Patrícia Engel Secco

4 de junho de 2010

Ainda espero..

Me perdi de novo.
Meus sonhos voaram para longe, os meus super-heróis viajaram. Estou só.
Pensei em não te machucar, em ficar parada, em silêncio pra ver se o seu olhar expressava que consegui esconder o meu medo; mas não me contive, peguei na sua mão, meus dedos suavemente percorreram os seus e gritavam aflitos afim de que você tirasse-os da solidão, o que eu via era muito mais do que toques, o suor do tremor interno, pulsante também estava ali, poderia não significar nada, e mesmo o nada é algo importante, ao menos para mim.
Vejo a sua mão dobrar, e meio que como um consolo apertou a minha, o meu ar acabou e o nada com o tudo que viria após o minuto vazio me tomaram, e o temor não era mais pelas mãos, e sim pelos olhos que frios não olhavam pra mim.

Olhei-te, mas tu não me olhas-te; aguardei com o relógio do pulso os milênios que se passaram em minutos vividos, a resposta que não veio e ainda aguardo; quando você virou não me viu, ao seu lado estava um poste, que com seus olhos ofuscantes te olhava, mas você nem sabia o que neles se guardavam. A resposta não foi dita, olhar não correspondido e o aperto não significava mais do que educação.
Triste história inacabada, de uma página que não foi virada, de um tempo que se chama agora e torna infinito o som dos martelos vermelhos, que batem como loucos que lutam por uma causa sem som. É só o que eu ouço, é só o que me atrái. Triste sensação que me alimenta a alma.
Posso eu livrar-me da dor? é mais real que o toque, que o beijo, que o corpo, que o seu amor. Se puder, me tires daqui!

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